sábado, 25 de dezembro de 2010

O Chamado (Congresso Jubrac Sul – Parte 6)



“Porque muitos são chamados, mas poucos, escolhidos.” (Mt 22:14)


Dez minutos de intervalo e já estávamos de volta. Desta vez a ministração estava por conta do Pr. Daniel, líder estadual da Jubrac. Logo ficou evidente que seus dons não se resumiam em liderança e ministração da palavra. Com uma voz maravilhosa começou a entoar louvores a Deus e, em um instante, o templo já estava cheio da glória de Deus novamente. O foco principal de sua mensagem foi sobre “chamado”. E agora?! Preocupei-me, pois esse foi o tema que preparei para mensagem de encerramento, será que deveria mudar o tema? Mas logo minhas preocupações se dissiparam, pois as palavras que o Espírito Santo me deu naquela manhã me atingiram como um raio: “se Deus fala uma vez é importante, se fala duas vezes é importantíssimo”. Então tive convicção que deveria manter o tema, pois Deus desejava enfatizar a ministração sobre “chamado”. Sendo assim, só me cabia relaxar, sendo alimentado pela regeneradora palavra Deus, que nos foi ministrada através da vida do Pr. Daniel, culminando em um ousado desafio aos jovens, que vieram à frente cheios de fé, ousados, vivificados, chamando à existência as coisas que não existem (Rm 4:17).


Após o almoço, o Pb. Felipe, líder da Jubrac local (meu anfitrião), me levou a um rápido tour pela cidade de Pelotas. Seus antigos casarões se contrastam com a paisagem moderna, como se lutassem para manter viva a pompa de seus primeiros colonizadores, os barões do charque. Muitos edifícios foram tombados e estão sendo reformados, entre eles, a prefeitura e a biblioteca, que já foram cuidadosamente revitalizadas. Os moradores se orgulham de serem guardiões de um dos primeiros teatros do Brasil. Ficarei devendo mais detalhes sobre a cidade, pois um telefonema interrompeu nosso passeio. Era a esposa do presbítero, ela esqueceu a chave do alojamento dentro do carro, e tivemos que voltar, pois os irmãos estavam ansiosos por um banho e uma boa soneca, pois ainda tínhamos a reunião de encerramento, programada para as 15 horas. E lá vamos nós, de volta ao hotel...



- O Chamado


“Caminhando junto ao mar da Galiléia, viu dois irmãos, Simão, chamado Pedro, e André, que lançavam as redes ao mar, porque eram pescadores. E disse-lhes: Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens. Então, eles deixaram imediatamente as redes e o seguiram. Passando adiante, viu outros dois irmãos, Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, que estavam no barco em companhia de seu pai, consertando as redes; e chamou-os. Então, eles, no mesmo instante, deixando o barco e seu pai, o seguiram.” (Mt 18:22)


Trinta e dois mil homens haviam respondido ao chamado de Gideão (Jz 7), apesar de toda nação ter sido convocada a guerra. “Disse o SENHOR a Gideão: É demais o povo que está contigo, para eu entregar os midianitas nas suas mãos; Israel poderia se gloriar contra mim, dizendo: A minha própria mão me livrou. Apregoa, pois, aos ouvidos do povo, dizendo: Quem for tímido e medroso, volte e retire-se da região montanhosa de Gileade. Então, voltaram do povo vinte e dois mil, e dez mil ficaram” (v. 2-3). O “chamado” é a coisa mais importante para alguém, é a razão de nosso viver. Assim como os primeiros discípulos, deixamos nossas antigas ocupações para nos dedicar ao chamado de Cristo. Submetendo-nos à sua vontade, seguimos para o campo de batalha, mas os covardes devem voltar, não há lugar para tímidos e medrosos nas fileiras do exército de Deus, pois como em epidemia, os covardes fazem derreter os corações de seus irmãos (Dt 20:8). Já percebeu que algumas pessoas parecem sugar a seiva da vida que há em nós? – Basta pouco tempo de conversa para nos sentirmos totalmente desanimados. Os melhores projetos parecem sucumbir diante dos “crentes Hard” (hiena melancólica, personagem de um antigo desenho animado): “Óh vida! Oh céus! Oh tristeza!”. Bom dia Sr. Hard – Não vejo nada de bom nele! – Tudo bem Sr. Hard? – Pra ser sincero, eu não estou bem não... “Porque muitos são chamados, mas poucos, escolhidos.” (Mt 22:14).


Gideão prossegue com apenas um terço da multidão. “Disse mais o SENHOR a Gideão: Ainda há povo demais; faze-os descer às águas, e ali tos provarei; aquele de quem eu te disser: este irá contigo, esse contigo irá; porém todo aquele de quem eu te disser: este não irá contigo, esse não irá.” (v. 4). Existe um ponto onde só podem passar os que foram chamados, por mais que alguns se esforcem, que desejem, é preciso ter o chamado, “E prosseguiu: Por causa disto, é que vos tenho dito: ninguém poderá vir a mim, se, pelo Pai, não lhe for concedido.” (Jo 6:65). Alguns, por não entenderem esse princípio, se frustram tentando ser algo que não foram chamados para serem (v. 66), porém, os que são chamados não desistem, pois compreenderam que não existe outra opção (v. 68-69).


Gideão fez os homens descerem até às águas (v. 5). Os que têm o chamado precisam descer às águas, e para atravessá-las não basta ter uma boa conversa, nas águas as atitudes falam mais alto. O Senhor está observando seus atos, pois eles são decisivos na vida de quem tem o chamado. O chamado consiste em mudança de atitude, um aperfeiçoamento constante (Ef 4:28-32). Apenas um terço novamente é escolhido, desta vez, restam trezentos homens a Gideão, “Porque muitos são chamados, mas poucos, escolhidos.” (Mt 22:14).


Uma vez que reconhecemos o “chamado”, ele se torna garantia de vitória. Gideão e seus trezentos homens obtiveram vitória sobre os midianitas, mas durante a batalha passaram privações, os moradores de Sucote e Peniel negaram-lhes alimento (Jz 8:4-8). Nem todos apoiarão seu chamado, até alguns se negarão em ajudar e outros tentarão persuadi-lo a desistir. Jesus, sempre verdadeiro, nos advertiu: “Sereis odiados de todos por causa do meu nome; aquele, porém, que perseverar até ao fim, esse será salvo (Mt 10:22)”. Percebam que existe um segredo incutido nessas palavras, “perseverar”, perseverar até o fim nos garante a vitória, “Vindo Gideão ao Jordão, passou com os trezentos homens que com ele estavam, cansados, mas ainda perseguindo.” (v. 4). Muitos não puderam fazer parte dos trezentos, “Porque muitos são chamados, mas poucos, escolhidos.” (Mt 22:14).


Algumas pessoas acreditam que o “chamado” os envia, como se um pai que dá uma tarefa e depois o despede, para que vá cumprir, mas não é assim com o “chamado”, usando sentido literal da palavra, o “chamado” nos aproxima de Deus, Ele nos “chama” para perto de si. A escuridão nada mais é do que a ausência da luz, assim também, a morte é a ausência da vida. Eu disse a princípio que o “chamado” é a coisa mais importante na vida de uma pessoa, é porque ele nos conduz ao que nos foi furtado no Jardim do Éden, pois a advertência era: “mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás.” (Gn 2:17), o morrer aqui é a ausência da vida, ausência de Deus, nesse contexto a declaração de Cristo “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim.” (Jo 14:6), ganha mais brilho, pois Jesus declara ser o caminho, o acesso à Deus, e também à Vida, e reparem que Ele diz: “ninguém vem ao Pai”, Jesus não diz: “ninguém vai ao Pai”, ou seja, Ele é o caminho para si mesmo, o acesso à Vida. O “chamado” nos leva para o centro da vontade de Deus, e sua vontade é estar conosco: “E, quando eu for e vos preparar lugar, voltarei e vos receberei para mim mesmo, para que, onde eu estou, estejais vós também.” (Jo 14:3). Estar no centro da vontade de Deus é o nosso desafio todos os dias, e o amor é a nossa motivação, Jesus nos disse: “Se alguém me ama, guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada”. (Jo14:23).


E você, sabe qual é o seu “chamado”?


Ev. Elias Codinhoto

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