quarta-feira, 26 de maio de 2010

A DOR QUE VEM APÓS

“Então, Judas, o que o traiu, vendo que Jesus fora condenado, tocado de remorso, devolveu as trinta moedas de prata aos principais sacerdotes e aos anciãos, dizendo: Pequei, traindo sangue inocente. Eles, porém, responderam: Que nos importa? Isso é contigo. Então, Judas, atirando para o santuário as moedas de prata, retirou-se e foi enforcar-se” (Mateus 27:3-5)

Até o momento do beijo (Lc 22:47b) era como se ele estivesse cego; ele não se lembrava dos milagres nem das palavras que faziam arder até o coração do mais vil pecador. Para Judas aquelas moedas significavam muito, era tudo que “precisava” (Jo 12:6). Com elas poderia comprar algumas coisas de valor, quem sabe abrir um negócio... Afinal, já que o Cristo tem que morrer, por que não tirar proveito disso? (Mc 14:10-11).

Acompanhado de uma multidão, Judas chega como se ninguém suspeitasse de seu plano e, como de costume, beija o mestre. As palavras de Jesus ficaram gravadas em sua mente: “Amigo, para que vieste?” (Mt 26:50). “Judas, com um beijo trais o Filho do Homem?” (Lc 22:48). O sentimento de remorso o atingiu como um raio, e agora ele queria poder voltar atrás. Sentiu-se como um ladrão que é apanhado com as mercadorias do furto em suas mãos e tenta escondê-las em vão. A partir de então, as conseqüências de seus atos o atormentariam. Os momentos que se seguiram ao beijo foram de intensa tortura mental, o mesmo espírito maligno que o incentivara a cometer a traição agora o persegue acusando-o. São os verdugos descritos em Mateus 18:34, pessoas encarregadas de castigar, de extrair a verdade pelo uso da tortura. Segue-se então um quebrantamento profundo e sem cura (Pv 6:15), a dor do após, o assombro da consciência pesada.

Muitas pessoas têm se deparado com essa dor; pessoas que acreditam ter certeza do que querem mesmo sabendo não ser essa a vontade de Deus. Seguem os desejos de seus corações como uma virgem que se entrega a seu parceiro antes do casamento; mas, que no instante seguinte à relação, percebe que deveria ter se guardado e já não tem como voltar atrás. Por um momento tão curto de prazer, ela desprezou sua honra, abriu mão do plano de Deus para sua vida. O sentimento seguinte é algo parecido à aversão que sentiu Amnom após deitar-se com Tamar, sua irmã (2Sm 13). O que ele sentia por sua irmã parecia ser algo tão forte que ele adoeceu (2Sm 13:2). Após tê-la forçado a se deitar com ele, foi tomado por um gigantesco sentimento de repulsa (2 Sm 13:15). A Bíblia diz que a aversão sentida por ele depois era maior que o “amor” que sentia anteriormente.

“Um quebrantamento sem que haja cura”, é assim que a palavra de Deus descreve esse sentimento (Pv 29:1). O quebrantamento é algo bom, desde que seguido de cura. É o que chamamos de arrependimento. Essa foi a diferença entre o que Pedro sentiu após negar Jesus (Lc 22:62) e o que Judas sentiu ao trair Jesus. Arrependimento e remorso são coisas diferentes, principalmente nas suas conseqüências. Digamos de uma maneira bem simplificada que: o remorso causa um “quebrantamento sem que haja cura”, e o arrependimento um “quebrantamento para a cura”.

Ambos são sentimentos que se seguem ao erro, o que difere um do outro são as decisões tomadas nos momentos imediatamente seguintes: Judas tentou aliviar sua consciência devolvendo as moedas aos principais sacerdotes, e como isso não removeu sua dor, foi enforcar-se. Pedro também sentiu a dor do quebrantamento, chorou amargamente, mas procurou a companhia dos irmãos e o perdão do seu Senhor. Creio que ao retornar aos outros ele não se conteve, foi logo abrindo seu coração: “Pequei irmãos! Neguei o Mestre! Por três vezes afirmei que não o conhecia, fui um covarde; logo eu que havia dito que jamais o abandonaria”.

Veja o que diz Tiago 5:16: “Confessai, pois, os vossos pecados uns aos outros e orai uns pelos outros, para serdes curados. Muito pode, por sua eficácia, a súplica do justo”. Se você deseja ser perdoado de seus pecados, deve confessá-los a Deus (1Jo 1:9), mas, ser quer ser curado, deve confessar seus pecados a outros irmãos e pedir oração. Os primeiros cristãos não tinham receio em confessar publicamente seus pecados (At 19:18). O compartilhar em uma família de cristãos é algo prudente, seguro, é onde podemos receber a tão poderosa oração dos justos.

Hoje Deus quer trazer cura para as suas feridas, por isso te convida a ter coragem como Pedro e procurar alguém que tenha maturidade cristã, alguém em quem você confie, e abrir o coração confessando seus pecados para que haja cura.
Ev. Elias Codinhoto.

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