sábado, 16 de janeiro de 2010

Como quer alimentar sua alma?

“Ao sair-lhe a alma (porque morreu), deu-lhe o nome de Benoni; mas seu pai lhe chamou Benjamim.” (Gênesis 35:18)
A parteira grita por mais água, as serviçais correm desesperadas, alguma coisa não vai bem. Jacó tenta conter a ansiedade se afastando um pouco da tenda, como diz o ditado: quem não ajuda não atrapalhe. Olhando para seus rebanhos, se recorda da primeira vez que viu Raquel – “Ela estava apascentando as ovelhas de seu pai Labão, tão graciosa! Mesmo não sendo uma ocupação comum para uma mulher, ela o fazia com tanta excelência que tive certeza que seria minha esposa. Os primeiros sete anos que trabalhei por ela, foram como poucos dias (Gn 29:20), pois a amei muito, desde aquele primeiro encontro, e não me importei em trabalhar mais sete anos, já que meu sogro Labão me enganou, dando-me sua filha Lia na noite de núpcias. Estava muito escuro e, com a euforia e emoção que eu estava, para espanto meu, só descobri na manhã seguinte”. O patriarca também recorda de como Raquel desejou filhos, visto que era estéreo. Um tímido sorriso surge em seus lábios, ao se lembrar do dia em que ela o intimou: “Dá-me filhos, senão morrerei.” (Gn 30:1), como se ele estivesse no lugar de Deus. Foi maravilhoso vê-la sorrir, quando após ter Deus aberto sua madre, segurou nos braços o primeiro filho, José (Deus acrescenta). Mas suas reflexões são interrompidas por um grito desesperado da parteira, e ele corre para porta da tenda. Ao se aproximar ouve a mulher dizer: “seu nome será Benoni”, seguido de um profundo suspiro. Raquel morreu! Não resistiu ao trabalho de parto (comenta a parteira), mas a criança vive (acrescenta). Ainda que marcado por seu nome, Benoni estava vivo, mesmo que a cada vez que ouvisse seu nome, invocaria das cinzas a memória daquele lúgubre momento.
Benoni significa “filho do meu sofrimento”. Por mais estranho que pareça, algumas pessoas procuram eternizar momentos ruins, elas os escondem em verdadeiros cofres em suas memórias. O ente querido que se foi, feridas deixadas por um relacionamento desfeito, abandono dos pais, momentos de escassez, violência, solidão, tristeza e lágrimas. Elas se agarram a esses momentos e paralisam suas vidas, arrastando um enorme fardo de desgosto e dor. Raiva, falta de perdão, desagrado, decepções, magoas, desgosto e profundas marcas.
Jacó olha para o pequeno recém-nascido e em frações de segundo visualiza em sua mente como seria o futuro de seu filho, a gozação das outras crianças, a culpa, o sofrimento. Tinha que fazer algo. De um lado o corpo imóvel de quem tanto amou, o do outro a expectativa do amanhã. Ele pega o filho nos braços e corre para fora da tenda. Todos estavam lá. Até os pastores deixaram os rebanhos e vieram prestar as condolências. Jacó levanta o menino e pronuncia em alta voz: “Benjamim, este será o seu nome!”.
Benjamim significa “filho da mão direita”. Não estamos livres de momentos ruins, cedo ou tarde eles aparecem, como nos alertou Jesus: “...No mundo vocês vão sofrer; mas tenham coragem. Eu venci o mundo.” (João 16:33b - NTLH). Mas como lidar com as lembranças ruins? Em Filipenses 3:13-14, o apóstolo Paulo nos dá a sua receita para enfrentar o amanhã sem as marcas do passado: “Irmãos, quanto a mim, não julgo havê-lo alcançado; mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão, prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus”. Sei que existem momentos para serem lembrados e que recordar o passado é importante para conservar nossa história, mas podemos nos valer da sabedoria e experiência de Jeremias, um dos profetas que mais sofreram injustiças, ele também tinha sua receita para superar a dor e o desgosto, dizia ele: “Quero trazer à memória o que me pode dar esperança” (Lamentações 3:21).
Aquele momento poderia ser lembrado pela morte da esposa ou pela vida do filho. Jacó preferiu celebrar a vida, ele não aceitou que seu filho levasse em seus ombros as marcas do passado, pois ele mesmo havia sofrido muito com seu nome, suplantador (Jacó), o que quer levar vantagem, enganador, mas Deus mudou seu nome para Israel (Deus prevalece), príncipe de Deus, perseverante (Gn 32:28). Selecione os momentos bons e agradeça pela vida, pela oportunidade de ter vivido com os que já “partiram”, veja as coisas pela ótica da esperança, mude o nome do seu futuro. Até mesmo Jeremias escreveu sobre esperança em meio as lamentações: “Bom é ter esperança e aguardar em silêncio a salvação do SENHOR.” (Lm 3:26), o que você escreverá? Como chamará o seu futuro? Pode haver esperança?
“Ao que lhe respondeu Jesus: Se podes! Tudo é possível ao que crê.” (Marcos 9:23).
Sempre haverá opções! Você pode escolher, decida-se, como quer alimentar sua alma?
E quando ao pesado fardo do desgosto e da dor, Jesus diz: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei.” (Mateus 11:28).
Ev. Elias Codinhoto

2 comentários:

Valéria Casteluchi disse...

Amei, falou alto ao meu coração!

Edson Costa disse...

Poderosa Palavra!!!
Elias tem sido usado grandemente por Deus!!!