segunda-feira, 24 de outubro de 2011

da Morte para Vida

Costumo dizer que meu esposo tem alma de poeta. Um poeta não se limita em dizer que um pássaro voou de um galho para o outro, mas pela riqueza de detalhes e sua forma poética de escrever, nos transporta para dentro do cenário, como personagens trazidos para suas histórias.  Em alguns momentos temos a impressão de estar em constante diálogo com o autor, que nos desafia a profundas reflexões. Em outros, é difícil conter as lágrimas, um friozinho na barriga, um riso ou a garganta apertada, em narrativas que emocionam e estimulam à cura. 
           
Ao ler esta obra, percebemos a Bíblia não apenas como registros históricos ou um “livro difícil de entender”. Os capítulos são recheados de trechos e referências da Santa Palavra, todos dentro de um contexto coerente e extremamente envolvente. Você conhecerá a jovem missionária; se encantará com “Vermelho”, em um tocante encontro de perdão, e seguirá Simão cireneu em uma comovente marcha até o calvário. Elias Codinhoto quer conversar com você sobre a caminhada cristã, amor, medo, vergonha, perdão, cura, chamado, evangelismo, entre outros assuntos, e também partilhar reflexões sobre a Morte e a Vida. Tudo isso como se estivesse sentado ao seu lado na sala de estar.
Juliana Codinhoto
A venda na Livraria TBC.
Av. Tenente Laudelino Ferreira do Amaral, 888
Tel. (11) 2297-0433

sábado, 8 de outubro de 2011

Quando a Esperança Acaba

“Ora, amava Jesus a Marta, e a sua irmã, e a Lázaro. Quando, pois, soube que Lázaro estava doente, ainda se demorou dois dias no lugar onde estava.” 
(João 11:5-6)

Ele os amava e se demora a ir socorrê-los?
A ressurreição de Lázaro tem alguns aspectos muito peculiares. Não é como as demais registradas na Bíblia. Em primeiro lugar: Jesus nunca havia recusado ou se demorado a atender a um pedido de socorro, nem mesmo de um oficial romano que representava o império que oprimia seu povo (Mt. 8:5-13, Lc. 7:1-10).
Em segundo lugar vem o intervalo de tempo entre sua morte e ressurreição. A filha de Jairo (Mc. 5:35), assim como as ressurreições registradas no Velho Testamento: o filho da viúva de Sarepta (1Rs. 17:17-24), o filho da Sulamita (2Rs. 4:18-21), o homem que foi lançado sobre os ossos de Eliseu (2Rs. 13:21), todos esses tinham acabado de falecer. Mesmo o filho da viúva de Naim (Lc. 7:11-15), que já seguia em cortejo fúnebre, não permaneceu morto tanto tempo, pois uma viúva pobre não dispunha de recursos para preservar o corpo por muitos dias. Provavelmente, ele estava sendo levado ao sepultamento no mesmo dia ou no dia posterior a sua morte. Nem Cristo ficou esse tempo na sepultura (Mt. 16:21, 17:23, 20:19... At. 10:40 e 1Co. 15:4), mas como profetizou Oséias: “Depois de dois dias, nos revigorará; ao terceiro dia, nos levantará, e viveremos diante dele.” (Os. 6:2). Lázaro esteve morto por quatro dias. “Parece que havia uma opinião geral no judaísmo que a alma deixa o corpo três dias após a morte” (Bíblia Shedd).
Em terceiro vem à demora. Você sente ou já se sentiu abandonado por Deus? Parece que Ele não ouve suas preces, e não há nenhum sinal de resposta? – Creio que foi esse o sentimento de Marta e Maria. Abandono. Mas a “demora” não é o mesmo que abandono, não na ótica de Deus. Preste atenção na resposta de Jesus: “Ao receber a notícia, disse Jesus: Esta enfermidade não é para morte, e sim para a glória de Deus, a fim de que o Filho de Deus seja por ela glorificado.” (Jo. 11:4). Cristo viu aquela enfermidade como uma oportunidade de glorificar a Deus Pai.
Por último vem o conformismo. Mesmo estando tristes, as irmãs de Lázaro se mostraram conformadas com a morte do irmão. Elas já tinham aceitado como perda e fato consumado. Não estou dizendo que não devemos aceitar as perdas em nossas vidas, pelo contrário, saber administrar isso é sinal de maturidade, no entanto, o conformismo apresentado aqui vem de uma fé limitada. “Senhor, se tu estivesses aqui, meu irmão não teria morrido” (Jo. 11:21 e 32), foi essa a exclamação das duas irmãs, como se fosse combinado. Elas provavelmente conversaram a respeito, e juntas chegaram à conclusão que se Jesus tivesse vindo mais cedo o irmão estaria com vida. A limitação da fé daquelas mulheres se limitava a cura da enfermidade, não acreditavam que para Deus não há impossível. O texto mostra que não apenas elas, mas toda multidão que se reuniu ali tinha uma visão limitada a respeito do poder do Filho de Deus: “E alguns deles disseram: Não podia ele, que abriu os olhos ao cego, fazer também com que este não morresse?” (v. 37). Todos tinham perdido a esperança.
E como está a sua fé? Até que ponto ela vai? Qual o seu limite?
Para os amigos de Jairo, e provavelmente para ele, o socorro a sua filha se limitava ao período de enfermidade (Mc. 5:35). Se sua fé também está limitada, aproprie-se desta resposta: “Mas Jesus, sem acudir a tais palavras, disse ao chefe da sinagoga: Não temas, crê somente.” (v. 36).
Muitas vezes, e na maioria delas, devido a nossas expectativas, limitamos a ação de Deus em nossas vidas, pois criamos um “cenário” em nossas mentes, no qual esperamos que Deus aja, e quando as circunstâncias ultrapassam esses “limites”, geralmente perdemos a esperança. Contudo, às vezes é necessário que algo “morra” primeiro. Seja um sonho, ministério, relacionamento, bem... Como afirmou Jesus: “Em verdade, em verdade vos digo: se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, produz muito fruto.” (Jo. 12:24). 
Permita-me fazer duas aplicações práticas ao texto. Em primazia o que diz respeito a nossa fé, pois creio ser o mais importante: cremos na ressurreição dos mortos, “Muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna, e outros para vergonha e horror eterno” (Dn. 12:2), independente do tempo em que tenham morrido. Todos ressuscitarão, os apóstolos, os reis, os antigos profetas e até mesmo Abel, o primeiro a morrer. Não importa o estado de seu cadáver, o tipo de sua morte, se foi no mar, nas montanhas ou no fogo, todos ressurgirão. Como argumenta Paulo em 1 Coríntios 15, se os mortos não ressuscitam, nossa fé é vã, se torna inútil crer, “...Se os mortos não ressuscitam, comamos e bebamos, que amanhã morreremos.” (v. 32). “Mas alguém dirá: Como ressuscitam os mortos? E em que corpo vêm?” (v. 35) “Pois assim também é a ressurreição dos mortos. Semeia-se o corpo na corrupção, ressuscita na incorrupção. Semeia-se em desonra, ressuscita em glória. Semeia-se em fraqueza, ressuscita em poder. Semeia-se corpo natural, ressuscita corpo espiritual. Se há corpo natural, há também corpo espiritual.” (v. 42-44).
Como profetizou Isaías: “Os vossos mortos e também o meu cadáver viverão e ressuscitarão; despertai e exultai, os que habitais no pó, porque o teu orvalho, ó Deus, será como o orvalho de vida, e a terra dará à luz os seus mortos.” (Is. 26:19). “Porquanto o Senhor mesmo, dada a sua palavra de ordem, ouvida a voz do arcanjo, e ressoada a trombeta de Deus, descerá dos céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro; depois, nós, os vivos, os que ficarmos, seremos arrebatados juntamente com eles, entre nuvens, para o encontro do Senhor nos ares, e, assim, estaremos para sempre com o Senhor.” (1Ts. 4:16).
“Eis que vos digo um mistério: nem todos dormiremos, mas transformados seremos todos, num momento, num abrir e fechar de olhos, ao ressoar da última trombeta. A trombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados. Porque é necessário que este corpo corruptível se revista da incorruptibilidade, e que o corpo mortal se revista da imortalidade. E, quando este corpo corruptível se revestir de incorruptibilidade, e o que é mortal se revestir de imortalidade, então, se cumprirá a palavra que está escrita: Tragada foi a morte pela vitória.” (1 Coríntios 15:51-54).
A segunda aplicação se refere a nossa esperança, quando ela se dissipa, quando não resta mais fragmento algum. Quantos sonhos estão enterrados, quantas promessas esquecidas. O que parecia tão real um dia, hoje é apenas vestígio em sua lembrança. Os seus dons, seu chamado, ministério. Seu relacionamento conjugal, seus filhos, sua família. Mesmo que esteja tudo “morto e sepultado”, Deus pode trazer de volta a vida. Ainda que você não saiba como, que não veja possibilidade alguma, ainda assim, Deus pode fazer.
 “Chegando Jesus, encontrou Lázaro já sepultado, havia quatro dias.” [...] Tiraram, então, a pedra. E Jesus, levantando os olhos para o céu, disse: Pai, graças te dou porque me ouviste. Aliás, eu sabia que sempre me ouves, mas assim falei por causa da multidão presente, para que creiam que tu me enviaste. E, tendo dito isto, clamou em alta voz: Lázaro, vem para fora!” (João 11:17; 41-43).