sábado, 25 de dezembro de 2010

O Chamado (Congresso Jubrac Sul – Parte 6)



“Porque muitos são chamados, mas poucos, escolhidos.” (Mt 22:14)


Dez minutos de intervalo e já estávamos de volta. Desta vez a ministração estava por conta do Pr. Daniel, líder estadual da Jubrac. Logo ficou evidente que seus dons não se resumiam em liderança e ministração da palavra. Com uma voz maravilhosa começou a entoar louvores a Deus e, em um instante, o templo já estava cheio da glória de Deus novamente. O foco principal de sua mensagem foi sobre “chamado”. E agora?! Preocupei-me, pois esse foi o tema que preparei para mensagem de encerramento, será que deveria mudar o tema? Mas logo minhas preocupações se dissiparam, pois as palavras que o Espírito Santo me deu naquela manhã me atingiram como um raio: “se Deus fala uma vez é importante, se fala duas vezes é importantíssimo”. Então tive convicção que deveria manter o tema, pois Deus desejava enfatizar a ministração sobre “chamado”. Sendo assim, só me cabia relaxar, sendo alimentado pela regeneradora palavra Deus, que nos foi ministrada através da vida do Pr. Daniel, culminando em um ousado desafio aos jovens, que vieram à frente cheios de fé, ousados, vivificados, chamando à existência as coisas que não existem (Rm 4:17).


Após o almoço, o Pb. Felipe, líder da Jubrac local (meu anfitrião), me levou a um rápido tour pela cidade de Pelotas. Seus antigos casarões se contrastam com a paisagem moderna, como se lutassem para manter viva a pompa de seus primeiros colonizadores, os barões do charque. Muitos edifícios foram tombados e estão sendo reformados, entre eles, a prefeitura e a biblioteca, que já foram cuidadosamente revitalizadas. Os moradores se orgulham de serem guardiões de um dos primeiros teatros do Brasil. Ficarei devendo mais detalhes sobre a cidade, pois um telefonema interrompeu nosso passeio. Era a esposa do presbítero, ela esqueceu a chave do alojamento dentro do carro, e tivemos que voltar, pois os irmãos estavam ansiosos por um banho e uma boa soneca, pois ainda tínhamos a reunião de encerramento, programada para as 15 horas. E lá vamos nós, de volta ao hotel...



- O Chamado


“Caminhando junto ao mar da Galiléia, viu dois irmãos, Simão, chamado Pedro, e André, que lançavam as redes ao mar, porque eram pescadores. E disse-lhes: Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens. Então, eles deixaram imediatamente as redes e o seguiram. Passando adiante, viu outros dois irmãos, Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, que estavam no barco em companhia de seu pai, consertando as redes; e chamou-os. Então, eles, no mesmo instante, deixando o barco e seu pai, o seguiram.” (Mt 18:22)


Trinta e dois mil homens haviam respondido ao chamado de Gideão (Jz 7), apesar de toda nação ter sido convocada a guerra. “Disse o SENHOR a Gideão: É demais o povo que está contigo, para eu entregar os midianitas nas suas mãos; Israel poderia se gloriar contra mim, dizendo: A minha própria mão me livrou. Apregoa, pois, aos ouvidos do povo, dizendo: Quem for tímido e medroso, volte e retire-se da região montanhosa de Gileade. Então, voltaram do povo vinte e dois mil, e dez mil ficaram” (v. 2-3). O “chamado” é a coisa mais importante para alguém, é a razão de nosso viver. Assim como os primeiros discípulos, deixamos nossas antigas ocupações para nos dedicar ao chamado de Cristo. Submetendo-nos à sua vontade, seguimos para o campo de batalha, mas os covardes devem voltar, não há lugar para tímidos e medrosos nas fileiras do exército de Deus, pois como em epidemia, os covardes fazem derreter os corações de seus irmãos (Dt 20:8). Já percebeu que algumas pessoas parecem sugar a seiva da vida que há em nós? – Basta pouco tempo de conversa para nos sentirmos totalmente desanimados. Os melhores projetos parecem sucumbir diante dos “crentes Hard” (hiena melancólica, personagem de um antigo desenho animado): “Óh vida! Oh céus! Oh tristeza!”. Bom dia Sr. Hard – Não vejo nada de bom nele! – Tudo bem Sr. Hard? – Pra ser sincero, eu não estou bem não... “Porque muitos são chamados, mas poucos, escolhidos.” (Mt 22:14).


Gideão prossegue com apenas um terço da multidão. “Disse mais o SENHOR a Gideão: Ainda há povo demais; faze-os descer às águas, e ali tos provarei; aquele de quem eu te disser: este irá contigo, esse contigo irá; porém todo aquele de quem eu te disser: este não irá contigo, esse não irá.” (v. 4). Existe um ponto onde só podem passar os que foram chamados, por mais que alguns se esforcem, que desejem, é preciso ter o chamado, “E prosseguiu: Por causa disto, é que vos tenho dito: ninguém poderá vir a mim, se, pelo Pai, não lhe for concedido.” (Jo 6:65). Alguns, por não entenderem esse princípio, se frustram tentando ser algo que não foram chamados para serem (v. 66), porém, os que são chamados não desistem, pois compreenderam que não existe outra opção (v. 68-69).


Gideão fez os homens descerem até às águas (v. 5). Os que têm o chamado precisam descer às águas, e para atravessá-las não basta ter uma boa conversa, nas águas as atitudes falam mais alto. O Senhor está observando seus atos, pois eles são decisivos na vida de quem tem o chamado. O chamado consiste em mudança de atitude, um aperfeiçoamento constante (Ef 4:28-32). Apenas um terço novamente é escolhido, desta vez, restam trezentos homens a Gideão, “Porque muitos são chamados, mas poucos, escolhidos.” (Mt 22:14).


Uma vez que reconhecemos o “chamado”, ele se torna garantia de vitória. Gideão e seus trezentos homens obtiveram vitória sobre os midianitas, mas durante a batalha passaram privações, os moradores de Sucote e Peniel negaram-lhes alimento (Jz 8:4-8). Nem todos apoiarão seu chamado, até alguns se negarão em ajudar e outros tentarão persuadi-lo a desistir. Jesus, sempre verdadeiro, nos advertiu: “Sereis odiados de todos por causa do meu nome; aquele, porém, que perseverar até ao fim, esse será salvo (Mt 10:22)”. Percebam que existe um segredo incutido nessas palavras, “perseverar”, perseverar até o fim nos garante a vitória, “Vindo Gideão ao Jordão, passou com os trezentos homens que com ele estavam, cansados, mas ainda perseguindo.” (v. 4). Muitos não puderam fazer parte dos trezentos, “Porque muitos são chamados, mas poucos, escolhidos.” (Mt 22:14).


Algumas pessoas acreditam que o “chamado” os envia, como se um pai que dá uma tarefa e depois o despede, para que vá cumprir, mas não é assim com o “chamado”, usando sentido literal da palavra, o “chamado” nos aproxima de Deus, Ele nos “chama” para perto de si. A escuridão nada mais é do que a ausência da luz, assim também, a morte é a ausência da vida. Eu disse a princípio que o “chamado” é a coisa mais importante na vida de uma pessoa, é porque ele nos conduz ao que nos foi furtado no Jardim do Éden, pois a advertência era: “mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás.” (Gn 2:17), o morrer aqui é a ausência da vida, ausência de Deus, nesse contexto a declaração de Cristo “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim.” (Jo 14:6), ganha mais brilho, pois Jesus declara ser o caminho, o acesso à Deus, e também à Vida, e reparem que Ele diz: “ninguém vem ao Pai”, Jesus não diz: “ninguém vai ao Pai”, ou seja, Ele é o caminho para si mesmo, o acesso à Vida. O “chamado” nos leva para o centro da vontade de Deus, e sua vontade é estar conosco: “E, quando eu for e vos preparar lugar, voltarei e vos receberei para mim mesmo, para que, onde eu estou, estejais vós também.” (Jo 14:3). Estar no centro da vontade de Deus é o nosso desafio todos os dias, e o amor é a nossa motivação, Jesus nos disse: “Se alguém me ama, guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada”. (Jo14:23).


E você, sabe qual é o seu “chamado”?


Ev. Elias Codinhoto

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Por que devemos pescar? (Congresso Jubrac Sul – Parte 5)

(João 21:1-17)

Manhã de domingo. Eu despertei cedo, exatamente às 6 horas já estava preparando o banho, precisava afastar o cansaço, tomar o café e voltar ao congresso. Enquanto me arrumava, percebi que alguns raios de sol começavam a forçar passagem pelas pequenas frestas na janela. Com a correria, ainda não tinha tido tempo de examinar o local, minhas passagens pelo hotel Tourist se resumiam a banho, troca de roupa, oração, leitura, e o sono da noite anterior. Como que respondendo a um convite, fui até a janela, e para meu espanto, ao abri-la, vi o lindo nascer do sol. O cenário era deslumbrante, havia um imenso gramado que se estendia da minha janela até tocar timidamente a margem da represa, que, apesar de tão grande, eu nem havia me dado conta que estava ali. A luz alaranjada do alvorecer refletia entre os galhos de uma árvore solitária no meio do gramado, criando um cenário fabuloso, que prendeu atenção por alguns instantes. Após um generoso café da manhã, me senti atraído para uma conversa com Deus em meio aquela paisagem. Senti que Ele me dizia: “Eu te amo muito! Nunca estará sozinho, pois Eu sou contigo!”. Talvez o cenário à sua volta não seja o mesmo que vislumbrei naquela manhã em Pelotas (RS), mas Deus também te convida para uma conversa a sós, Ele precisa te dizer algo muito importante: “Eu te amo muito! Nunca te abandonarei, onde quer que esteja...” (Jo 3:16 e Mt 28:20).

Retomando o tema do congresso: “Dá-me almas”, e o texto base: “E disse-lhes: Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens.” (Mt 4:19). Diante do que temos exposto sobre “pescar” (ganhar almas para Deus), pergunto: “Por que devemos pescar?”. Por que devemos deixar de nos dedicar unicamente à nossa vida e nos desgastar, sendo rejeitado, questionado, humilhado e maltratado, na esperança de convencer outros do Amor de Cristo?

“Depois de terem comido, perguntou Jesus a Simão Pedro: Simão, filho de João, amas-me mais do que estes outros? Ele respondeu: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Ele lhe disse: Apascenta os meus cordeiros. Tornou a perguntar-lhe pela segunda vez: Simão, filho de João, tu me amas? Ele lhe respondeu: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Disse-lhe Jesus: Pastoreia as minhas ovelhas. Pela terceira vez Jesus lhe perguntou: Simão, filho de João, tu me amas? Pedro entristeceu-se por ele lhe ter dito, pela terceira vez: Tu me amas? E respondeu-lhe: Senhor, tu sabes todas as coisas, tu sabes que eu te amo. Jesus lhe disse: Apascenta as minhas ovelhas.” (João 21:15-17)

Começaremos refletindo sobre os tipos de “amor” no Grego Antigo:

Eros (Amor Romântico) – É o Amor da Paixão, dos namorados, dos sentimentos e sensações. De onde deriva as palavras “erótico e erotismo”, o eros está principalmente ligado a atração física, beleza, aromas, toques, desejos e fantasias. Por estar baseado nesses fatores, o eros tende a acabar rapidamente, uma vez obtido o que se deseja. Às vezes o sentimento se torna até repulsivo, como exemplificado no sentimento que Amnom sentiu por sua meia-irmã Tamar, registado em 2 Samuel, capítulo 13. Aminom, após violentar sua irmã, a põe para fora nua e fecha a porta (v. 15-17). Essa história se repete inúmeras vezes, quantas garotas passaram por isso? Seduzidas por declarações e promessas, são levadas ao sexo ilícito, ou até mesmo violentadas, mas, uma vez consumado o ato, são abandonadas como mercadoria estragada. Quantos casamentos foram violados pelos sentimentos mal administrados do eros? – Quantos lares desfeitos? – A fantasia carnal, que sempre termina em dor e sofrimento.

Phileo (Amor Recíproco) – É o Amor da Amizade (Amor Condicional). A palavra “filantropia” que vem do grego (filós+ântropos) significa “amigo do ser humano, da raça humana” (amor pela humanidade/homem genérico). Filantropia e Filadélfia (Ap 3:7) são a mesma palavra no original. Esse tipo de amor foi vivido com muita intensidade entre Jônatas e Davi (1Sm 18:1 e 2Sm 1:26), e, infelizmente mal interpretado por mentes malignas e maliciosas que distorcem esse sentimento para que pareça algo pervertido, esses porém, serão julgados por suas próprias conjecturas (Mt 5:19). A amizade autêntica está caindo em desuso, o medo de ser traído, machucado ou explorado, tem feito muitos se apartarem de amizades (Pv 16:28), contudo, quem conquista amigos autênticos descobre tesouros (Pv 18:24). Jesus foi ferido por seus “amigos” (Zc 13:6), no entanto, isso não o impediu de preservar amizades até as ultimas consequências (Jo 15:13), e de valorizá-las com um alto grau de intimidade (v. 15).

Storgé (Amor Fraterno) – É o Amor da Família (amor de irmãos), da convivência, como no lar de Lazaro, Marta e Maria. Infelizmente, esse tipo de amor também tem se deturpado, se tornado egoísta, se esvaído, como um sinal de alerta, proclamando que está próximo o fim, trazendo à mente as palavras de Cristo: “E o irmão entregará à morte o irmão, e o pai, o filho; e os filhos se levantarão contra os pais e os matarão.” (Mt 10:21).

Todos esses tipos de amor são limitados, incompletos, de pouca duração. Mas quero falar ainda de outro tipo de amor...

Ágape (Amor Incondicional) – Esse é o Amor de Pai para filho, o amor sem medidas, descrito em 1 Coríntios 13, o Amor de Deus, revelado em João 3:16 “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”. O amor que se volta ao próximo, que se foca mais em dar do que receber. Sem se importar com as recusas ama, busca, se importa, cuida... “não busca seus interesses... tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.” (1 Co 13:5, 7). Entretanto, mesmo o ágape tem sido arrefecido no intimo de muita gente, em exclamação ao Texto Sagrado registrado em Mateus 24:12 “E, por se multiplicar a iniquidade, o amor (ágape) de muitos se esfriará.” (grifo do autor).

Por que devemos pescar?! Por que amar? Por que nos doar em favor de outros?

Você já reparou que muitos casamentos parecem entrar em crise logo nos primeiros momentos de convivência mutua. O que acontece depois de dizer sim? – O que começa com uma paquera, cresce no namoro, aumenta no noivado, se expande até o casamento, parece decair no exato momento que dizemos “sim”. O que termina? – A resposta é “a conquista”. Quando dizem “sim” no altar, principalmente os homens, são invadidos pelo “sentimento de posse”, como se já fossem donos e não houvesse mais nada a fazer. “Já passei para o meu nome”, como exclamam alguns. Acaba-se a conquista, não é mesmo?! Afinal, estamos casados. Para que nos dedicarmos mais? Não bastaram as flores que dei no namoro, o cortejo, os passeios, as palavras bonitas... E a lua de mel?! Custou uma grana preta! Não preciso mais dizer que a amo, ela já sabe! (será?). Veja o conselho de Pedro, o pescador de almas: “Igualmente vós, maridos, coabitai com ela com entendimento, dando honra à mulher, como vaso mais fraco; como sendo vós os seus co-herdeiros da graça da vida; para que não sejam impedidas as vossas orações.” (1 Pe 3:7). “Vaso mais fraco”, sabe o que quer dizer? – Quer dizer que as mulheres precisam de “reafirmação”, precisam ouvir muitas vezes: “Eu te amo!”. E não se resume em palavras. O Dr. Gary Chapman, um dedicado pastor, que estudou por muitos anos o que chamou de “linguagens de amor”, identificou que os seres humanos entendem o amor de cinco maneiras diferentes: Palavras de Afirmação (elogios), Tempo de Qualidade, Presentes, Atos de Serviço e Toque Físico. Em seu livro “As Cinco Linguagens do Amor” ele explica:

Palavras de Afirmação – É o tipo de linguagem onde as pessoas entendem o amor através de expressões verbais. Elas necessitam ouvir que são amadas, que são estimadas, que são importantes e que têm valor. Provérbios 18:21 diz: “A morte e a vida estão no poder da língua; o que bem a utiliza come do seu fruto”. Como se sente ao ouvir algo do tipo: “Você ficou elegante com este terno” – “Você ficou ótima com este vestido” – “Você fez um ótimo trabalho” – “O jantar estava delicioso”. Talvez para você seja apenas palavras, mas para algumas pessoas isso é “amor”. Imagine seu chefe dizendo as seguintes palavras após você concluir um trabalho: “Vi como se esforçou para realizar este projeto e quero que saiba que valorizo sinceramente aquilo que fez...”. As palavras tem poder, saber utiliza-las como forma de amor chega a ser um dom, quantas pessoas, contudo, foram feridas por palavras (Rm 3:13, Tg 3), mas, como em uma via de duas mãos, muitas foram restauradas por palavras de sabedoria (Sl 37:30, 68:11, Is 52:7). Quando Jesus perguntou se seus discípulos queriam deixa-lo, como fazia a multidão, Pedro respondeu de pronto: “... Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras da vida eterna;” (Jo 6:68). Retomo as palavras do sábio rei Salomão, que inspirado pelo Espírito Santo declarou: “A ansiedade no coração do homem o abate, mas a boa palavra o alegra.” (Pv 12:25).

Tempo de Qualidade – Significa dar à outra pessoa nossa atenção exclusiva. Para uma criança pequena: é sentar-se com ela ao chão e brincar de bola, para o cônjuge: é sentar-se no sofá e olhar em seus olhos enquanto conversam... Atenção exclusiva, passar tempo com alguém que amamos. Como escreveu Max Lucado: “crianças soletram amor com cinco letras – t-e-m-p-o”.

Presentes – Dar presentes é uma expressão universal de amor. Para o que tem esse tipo de linguagem, os presentes não precisam necessariamente ser caros – “estava pensando em mim, veja só o que comprou”. Eles expressam a quem os recebe que são valorizados e amados. Reparem como desembrulham o pacote com todo cuidado para não rasgar o papel. Tem pessoas que guardam presentes em suas embalagens por muito tempo, para que não se estraguem, alguns nem ao menos os usam, não porque não tenham gostado, mas por desejarem prolongar o sentimento de amor pelo qual foram envolvidos ao receberem.

Gestos de Serviço – Como expressa um antigo ditado: “O que você faz fala mais alto do que o que você diz”. Realizar algo que você sabe que a outra pessoa gostaria que fizesse é uma expressão de amor. Quando falo em “gestos de serviço”, não consigo pensar em exemplo melhor do que o da mulher pecadora, registrado no Evangelho de Lucas. Ela ungiu a cabeça de Jesus com seu melhor perfume, lavou seus pés com suas lágrimas e os enxugou com seus cabelos (Lc 7:36-50). O Mestre reconheceu a atitude daquela mulher como a demonstração abundante de amor (v. 47). Ajudar em casa, no trabalho, na igreja, até mesmo em pequenas tarefas, pode ser uma boa oportunidade de expressarmos amor. Estender a mão ao aflito, servir ao próximo, doar-se, foram atitudes que marcaram a vida de Tabita (At 9:36-42) e, por sua demonstração de tipo de amor, Pedro comovido, roga a Deus, que lhe devolve a vida.

Toque Físico – Há ainda, aqueles que entendem o amor através do toque suave das mãos em forma de carícias, de abraços e beijos, Paulo enfatizou este ultimo em sua epistolas (Rm 16:16, 1Co 16:20, 2Co 13:12 e 1Ts 5:26), e Pedro o chamou de “osculo de amor” (1Pe 5:14). Quem não gosta de um bom cafuné? E que tal uma massagem? – Os grandes amantes do toque físico são chamados de sinestésicos – Gostam de conforto, abraços, beijos, e até mesmo um aperto de mãos, pode fazer toda diferença. Embora alguns achem chato o momento em que alguém do púlpito pede para abraçar a pessoa ao lado, existem aqueles que estão tão carentes de contato humano, que esperam ansiosos por chegar o domingo, para poder receber um abraço afetuoso de um irmão. Certa vez um irmão de minha igreja testemunhou, depois de ter passado um momento muito difícil, que os abraços que recebia na igreja, deram-lhe forças para atravessar tal dificuldade. Ficou com vontade de abraçar alguém? Então faça isso, pois essa pessoa pode estar com o “tanque emocional” totalmente vazio.

Mantenha cheio o “tanque emocional” de quem ama! Pratique as linguagens de amor. Descubra com qual se identifica mais, e também a linguagem de seus familiares, de seus irmãos, de seu próximo. Ministre amor, reparta com as pessoas, não te custa! Mas pode fazer toda diferença na vida de alguém.

Por que devemos pescar?!

Vamos voltar à história do pescador (não disse história de pescador). Para entender o diálogo entre Jesus e Pedro (João 21:15-17), precisamos relembrar um pouco a história. Em Mateus 4:19, Pedro é desafiado a largar tudo e seguir a Jesus, a proposta sugeria uma mudança de “profissão”, deixar os peixes e se dedicar às pessoas: “E disse-lhes: Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens”. Simão atende de pronto, abandona as redes, o barco e tudo mais, como ele mesmo declarou: “Então, lhe falou Pedro: Eis que nós tudo deixamos e te seguimos; que será, pois, de nós?” (Mt 19:27), eu o convido a refletir mais tarde na resposta de Jesus (Mt 19:28-29), mas por hora vamos seguir com Pedro, que parecia o mais convicto dos discípulos, pois mesmo quando o discurso de Cristo se tornou duro, revelando todo o sofrimento que passaria, o pescador insistia em segui-lo: “Então, Jesus lhes disse: Todos vós esta noite vos escandalizareis em mim, porque está escrito: Ferirei o pastor, e as ovelhas do rebanho se dispersarão. [...] Mas Pedro, respondendo, disse-lhe: Ainda que todos se escandalizem em ti, eu nunca me escandalizarei.” (Mt 26:33). Jesus joga um “balde de água fria” em Pedro com esta declaração: “Disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que, nesta mesma noite, antes que o galo cante, três vezes me negarás.”, mas ele persiste: “Disse-lhe Pedro: Ainda que me seja necessário morrer contigo, não te negarei. E todos os discípulos disseram o mesmo”. O pescador parece muito seguro em suas afirmações de fidelidade ao Mestre. Lucas registrou a seguinte afirmação de Pedro: “... Senhor, estou pronto a ir contigo, tanto para a prisão como para a morte.” (Lc 22:33). Foi também o doutor Lucas quem registrou, alguns versos a frente, detalhes do momento em que Pedro negou Jesus: “Então, voltando-se o Senhor, fixou os olhos em Pedro, e Pedro se lembrou da palavra do Senhor, como lhe dissera: Hoje, três vezes me negarás, antes de cantar o galo.” (v. 61). Acredito que olhar de Cristo penetrou na alma de Simão como uma espada aguda e afiada, cortando a carne a sua volta e deixando uma ferida aberta. Pedro chorou amargamente (v. 62), pois não era somente a dor de tê-lo negado, era também a dor da vergonha, da impotência, da mentira, a dor do fracasso, pois ele sabia que Jesus, o Mestre a quem jurou fidelidade, conhecia sua fraqueza e não ignorava seu erro.

Talvez seja esse tipo de dor que te destrói. Noite após noite é sua única companheira. Ela ressurge assim que as luzes se apagam, não o deixa dormir. Você errou, grita ela te apontando o dedo indicador. E ao buscar refúgio em sua consciência, as únicas palavras que encontra são: fracasso, fraqueza, incompetência, irresponsabilidade, inutilidade, culpa! Quem sabe não foi esse o motivo que o fez retroceder, assim como Pedro (Jo 21:3). O fez voltar à antiga vida, aos vícios, a pornografia, a mentira, a dor, a morte. Acredito que você entenda porque Pedro voltou a pescar peixes, talvez você também não tenha jeito pessoas, quem sabe as tenha magoado, e agora se esconde, não quer encontra-las, não quer nem mesmo se encontrar com Cristo, não por que não o ame, mas pela vergonha de tê-lo negado. Então você, mais que ninguém, entenderá porque Jesus foi até a praia, pois sabe bem, que alguém nessas condições não tem forças para seguir adiante. Mas Ele foi até Pedro, exatamente como naquela noite em que caminhou sobre as ondas. O vento soprava forte, as ondas eram contrárias, os discípulos não conseguiam remar em direção à praia, mas Ele veio, caminhando tranquilo sobre as ondas (Mt 14, MC 6 e Jo 6), tão sereno como está agora, caminhando em sua direção, sussurrando seu nome. Ouça sua voz suave, ignore por um instante o barulho do mar, não dê atenção às roupas molhadas pela forte chuva, procure não deixar que o frio roube sua consciência. Dessa do barco, como fez Pedro e caminhe sobre as ondas. Então vai ouvir claramente sua voz chamando seu nome, sentirá o calor de sua presença aquecendo sua alma e trazendo-o de volta à vida.

Simão! É Jesus quem está na praia...

Pedro não esperava vê-lo, nem achou que viria, não depois de tê-lo negado. Surpreso se lança ao mar, tentando se esconder, pois estava nu. A nudez de Simão não era somente física, pois todos conheciam seu erro, sabiam de sua dor, de seu fracasso. Ele não conseguiu manter sua a palavra. Pode ser que se identifique com ele, sem poder manter a sua palavra, sem cumprir promessas, sem estar presente quando disse que estaria. Mas Jesus veio encontra-lo, veio cura-lo, veio liberta-lo da culpa e da dor.

Por que devemos pescar?!

Vamos entender melhor o dialogo entre eles, ressaltando as formas de amor no contexto original:

“Depois de terem comido, perguntou Jesus a Simão Pedro: Simão, filho de João, amas-me (ágape) mais do que estes outros? Ele respondeu: Sim, Senhor, tu sabes que te amo (phileo). Ele lhe disse: Apascenta os meus cordeiros.” (João 21:15)

Reparem que Jesus pergunta no ágape, e ainda acrescenta: “mais do que esses outros”. Ou seja, Ele pergunta se Pedro o ama incondicionalmente, mas ele só consegue responder no phileo, é como se Jesus dissesse: “você me ama?” e Pedro respondesse: “eu gosto de você”. Esses detalhes não são perceptíveis na tradução que possuímos, pois nosso vocabulário limitado só tem uma forma de escrever a palavra “amor”, embora tenhamos consciência que existem vários níveis.

“Tornou a perguntar-lhe pela segunda vez: Simão, filho de João, tu me amas (ágape)? Ele lhe respondeu: Sim, Senhor, tu sabes que te amo (phileo). Disse-lhe Jesus: Pastoreia as minhas ovelhas.” (João 21:16)

O Mestre volta a perguntar no ágape, porém desta vez não enfatiza: “mais do que esses outros”, e Pedro mais uma vez responde no phileo, como se não conseguisse afirmar seu amor ao Mestre, sua autoestima foi afetada, não conseguia se apoiar sobre as pernas de sua consciência. Ele colocou sobre os ombros o pesado fardo da culpa, e não permitiria perdoar-se, não sem luta, não sem a grande batalha em seu interior, que por mais que tentasse vencê-la, a culpa persistia em ressurgir das cinzas. E Jesus insiste:

“Pela terceira vez Jesus lhe perguntou: Simão, filho de João, tu me amas (phileo)? Pedro entristeceu-se por ele lhe ter dito, pela terceira vez: Tu me amas (phileo)? E respondeu-lhe: Senhor, tu sabes todas as coisas, tu sabes que eu te amo (phileo). Jesus lhe disse: Apascenta as minhas ovelhas.” (João 21:17)

Agora podemos entender porque Pedro se entristeceu tanto com a pergunta de Cristo. Reparam que dessa vez Ele pergunta no phileo, como se quisesse descer ao nível do amor de Simão para resgatá-lo. Por mais que Pedro imaginasse ter pouco, ou quase nada a oferecer, Jesus lhe dizia: “me entregue o que tem”. Deixe-me Fazer! Como aquela pobre viúva que vai a procura do profeta Eliseu (2Rs 4), ela só tinha um pouco de azeite, mas com a intervenção de Deus, foi o suficiente para pagar a divida, salvando seus filhos e garantindo o seu futuro. Jesus mudou a linguagem para alcançar Pedro, descendo até onde ele estava (Fp 2:5-8). Talvez você se sinta muito fraco, mas isso não é problema, veja o que o apostolo Paulo descobriu: “Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias, por amor de Cristo. Porque, quando sou fraco, então, é que sou forte.” (2 Co 12:10). Então se levante, junte a pouca força que lhe resta, “Forjai espadas das vossas relhas de arado e lanças, das vossas podadeiras; diga o fraco: Eu sou forte.” (Joel 3:10). Quando Paulo se queixou da dor (espinho na carne) que não o deixava, “Então, Ele (Jesus) me disse: A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo.” (2 Co 12:9).

Por que devemos pescar?!

Quando Deus nos diz algo, isso é importante, quando Ele repete, é importantíssimo, e como devemos considerar quando o Senhor repete mais uma veze. Por três vezes Jesus perguntou: ...tu me amas? - E em cada resposta, afirmava: Apascenta os meus cordeiros, pastoreia as minhas ovelhas, apascenta as minhas ovelhas... Ou seja: Você me ama? Então cuide! – Jesus literalmente diz: “junte todo amor que tem por mim e canalize-o na cuidado ao próximo”, como afirmando: “Eu sentirei seu amor através das pessoas”.

“Amados, amemo-nos uns aos outros, porque o amor procede de Deus; e todo aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Aquele que não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor. [...] Amados, se Deus de tal maneira nos amou, devemos nós também amar uns aos outros. Ninguém jamais viu a Deus; se amarmos uns aos outros, Deus permanece em nós, e o seu amor é, em nós, aperfeiçoado.” (1 João 4:7-8 e 11-12).

Por que devemos pescar? – Porque Ele nos amou primeiro (v. 19)

“Se alguém diz: Eu amo a Deus e aborrece a seu irmão, é mentiroso. Pois quem não ama seu irmão, ao qual viu, como pode amar a Deus, a quem não viu?” (v. 20)

Ev. Elias Codinhoto

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Quem é Você? (Congresso Jubrac Sul – Parte 4)

“Indo Jesus para os lados de Cesaréia de Filipe, perguntou a seus discípulos: Quem diz o povo ser o Filho do Homem? E eles responderam: Uns dizem: João Batista; outros: Elias; e outros: Jeremias ou algum dos profetas. Mas vós, continuou ele, quem dizeis que eu sou? Respondendo Simão Pedro, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. Então, Jesus lhe afirmou: Bem-aventurado és, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que to revelaram, mas meu Pai, que está nos céus.” (Mt 16:13-17)

Uma passada rápida pelo hotel Tourist (onde eu fiquei hospedado), para um banho a alguns ajustes na mensagem da noite, e meus anfitriões já batiam à porta para me levar de volta à igreja. O jantar foi servido no Salão Social, que leva o nome do Pr. Moacir Barcelos da Silva, um grande homem, que, pelo que me contaram, foi um dos fundadores da igreja em Pelotas. Os irmãos que vieram em caravanas e muitos membros da igreja local se reuniram para o jantar, como no Salmo 133:1 “Oh! Quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união!”. A igreja estava lotada. Os diáconos tiveram que improvisar acentos com as cadeiras do refeitório. Me informaram que tinha cerca de quatrocentas pessoas na reunião da noite. Após um período muito abençoado de louvor e adoração, foi me dada novamente a oportunidade. Não era preciso ser muito espiritual para perceber que o Espírito Santo estava no controle do culto, pois sua presença era marcada por alegria, paz, comunhão e temor a Deus.

Diz o texto de Mateus 16, que Jesus foi para os lados de Cesaréia, que significa “separado”. Cesaréia de Filipe estava situada ao pé do Líbano, próximo as nascentes do Jordão em Gaulanites. Anteriormente chamada de Panéias, foi posteriormente reconstruída por Felipe, o tetrarca, e chamada por ele de Cesaréia, em honra a Tibério César; subseqüentemente chamada Neronias por Agripa II, em honra a Nero. Cesaréia da Palestina foi construída próximo ao Mediterrâneo por Herodes, o grande, no lugar da Torre de Estrabo, entre Jope e Dora. Foi provida com um porto magnífico e recebeu o nome Cesaréia em honra a Augusto. Foi a residência de procuradores romanos, e a maioria de seus habitantes eram gregos. Foi neste cenário, um lugar “separado”, que o Mestre pergunta a seus discípulos: “Quem sou Eu?”. Quero propor que transfira a pergunta para si: Quem é você?

Talvez você responda a está pergunta dizendo: “sou Elias, João, Maria, Antônio, Fátima, Lucia, Edson...”. Mas, será que Deus concedeu a seus pais o direito de irem a um cartório e com isso definir quem você é? - Veja o que a Bíblia diz: “Quem tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às igrejas: Ao que vencer darei eu a comer do maná escondido e dar-lhe-ei uma pedra branca, e na pedra um novo nome escrito, o qual ninguém conhece senão aquele que o recebe” (Ap 2:17). Deus tem um novo nome para você, um nome que Ele conhece e, é por esse nome que Deus te chama, então não importa o nome que seus pais te deram. Você é mais que um nome!

Talvez você ainda responda dizendo: “sou brasileiro, americano, italiano, nordestino, baiano, carioca...”. Mas será que o lugar onde você nasceu pode definir quem você é? - Você é mais do que uma região geográfica!

Ou talvez sua resposta seja: “sou jovem, adolescente, idoso, ou uma criança, como respondeu Jeremias (Jr 1:6)”. Mas ainda questiono: “será que o momento em que nascemos pode definir quem somos?” - Alguns ainda dizem: “sou de gêmeos, de capricórnio, de leão...”. Mas será que o dia de se nascimento pode definir quem você é? - Você é mais que um signo, mais que uma data de nascimento!

Ainda tem os que dizem: “sou operário, pedreiro, médico, advogado...”. Será que nossos estudos, nossa formação profissional define quem somos?

Afinal! Quem é você?

Conforme texto áureo, existem três respostas a essa pergunta. Primeiro Jesus pergunta: “Quem diz o povo ser o Filho do Homem?”, ou seja, o que os outros dizem a meu respeito, quem sou eu na visão dos outros? - Segundo: “quem dizeis que eu sou”, qual a sua própria opinião? - Mas a resposta de Pedro vem em uma terceira ótica: “porque não foi carne e sangue que to revelaram, mas meu Pai, que está nos céus”. Pedro respondeu com a verdade porque não expressou a opinião dos outros nem a sua própria, mas respondeu segundo a visão do criador.

1 - Quem os outros dizem que sou? - Muitas pessoas criaram suas identidades baseadas nas opiniões dos outros e hoje são pessoas frustradas, com baixa autoestima, tristes, frustradas... Quando deixamos que as pessoas definam quem somos, elas se tornam deuses em nossas vidas, pois nos tornamos o que elas falam. Quando alguém diz: “você não é nada, você não vai conseguir, você é feia, magra, gorda, burra, irresponsável, fracassada...”, se damos atenção, nos tornaremos isso mesmo, principalmente quando quem fala é alguém que valorizamos, que amamos, respeitamos, como nossos pais, parentes e amigos. Saiba que Deus não deu a ninguém esse direito, mesmo a quem amamos. “Eu é que sei que pensamentos tenho a vosso respeito, diz o SENHOR; pensamentos de paz e não de mal, para vos dar o fim que desejais.” (Jr 29:11).

2 - Quem eu digo que sou? - A outra resposta é: quem sou aos meus próprios olhos, como me vejo no espelho, como me defino. Se você tem uma autoestima forte, pode se definir além do que é, e, é assim que muitos se tornam pessoas arrogantes, autoritários, amantes de si mesmas, pessoas de coração endurecido (Ez 11:19 e 36:26), que não valorizam ao próximo. Outros, com autoestima fraca, podem se definir abaixo do que são, e se tornam pessoas tímidas, infelizes, sempre acreditando que os outros são melhores do que elas, sem iniciativa, são medrosas, desistem facilmente de seus ideais, a vida delas se torna uma decepção constante. Por mais que sejam belas, que tenham as coisas, ainda se acham feias e sem nada, é como se ninguém as amasse. A Bíblia diz: “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá?” (Jr 17:9). É arriscado seguir esse coração enganoso e corrupto, não podemos confiar nossa identidade a nossa própria visão.

3 - Quem Deus diz que sou? - A terceira e ultima resposta é: “quem eu sou aos olhos de Deus e como Ele me vê”. Somente o Criador, aquele que projetou o ser humano, traçou as cadeias de DNA, emoções, sentimentos, cor de pele, cabelos... Pode dizer quem somos. Todas as outras respostas são meras suposições, não se aproximam da verdade, e verdade é uma só: “Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim” (João 14:6). Jesus é a verdade, só Ele pode dizer quem você é.

Se você quiser saber quem é aos olhos dos outros, basta perguntar-lhes. Para saber quem é aos seus próprios olhos, é só se olhar no espelho e descrever a imagem que vê. Mas, se você quiser saber quem é aos olhos de Deus e realmente conhecer a verdade a seu respeito, deixe o Espírito Santo te conduzir pelas paginas da Bíblia Sagrada, então ouvirá o Pai sussurrando aos seus ouvidos:

Você é meu filho! (Jo 1:12)

Você é mais que vencedor, pois Eu te amo! (Romanos 8:37b)

Você é sal da terra (Mt 5:13)

Você é luz do mundo (Mt 5:14)

Você é amigo de Cristo (Jo 15:15)

Você é sacerdote, e reinará sobre a terra (Ap 1:6; 5:10; 20:6)

Você é parte da videira verdadeira, um canal da vida de Cristo (Jo 15:1,5)

Você é escolhido por Cristo para produzir seu fruto (Jo 15:16)

Você é servo da justiça (Rm 6:18)

Você é servo de Deus (Rm 6:22)

Você é justo e santo (Ef 4:24)

Você é cidadão dos céus (Fl 3:20)

Você é santuário de Deus (1Co 3:16)

Você é ministro da reconciliação (2Co 5:17-20)

Você é filho da Luz a não das trevas (1Ts 5:5)

Você é uma nova criatura em Cristo (2Co 5:17)

Você é feitura de Deus (Ef 2:10)

Você é co-herdeiro com Cristo, compartilhando a Sua herança (Rm 8:17)

Você é templo, morada de Deus, seu Espírito e sua vida estão em ti (1Co 3:16; 6:19)

Você é obra de Deus, nascido em Cristo para fazer a sua obra (Ef 2:10)

Você é nascido de Deus e o maligno não pode tocar-lhe (1Jo 5:18)

Você é livre para sempre da condenação (Rm 8:1,2)

Você está certo de que todas as coisas cooperam para o seu bem (Rm 8:28)

Você está assentado nos lugares celestiais (Ef 2:6)

Você pode tudo em Cristo que te fortalece (Fl 4:13)

Você não recebeu espírito de covardia, mas de poder, amor e moderação (2Tm 1:7)

Você pode encontrar graça e misericórdia em ocasião de necessidade (Hb 4:16)

Você foi remido e perdoado de todos os seus pecados (Cl 1:14)

Você é completo em Cristo (Cl 2:10)

QUEM É VOCÊ? - VOCÊ É O QUE DEUS DIZ É!

A maior expressão do amor de Deus para nós é esta: “Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores” (Rm 5:8).

Com visão vai ficar? – a dos outros, a sua ou a de Deus?

“Os céus e a terra tomo, hoje, por testemunhas contra ti, que te propus a vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe, pois, a vida, para que vivas, tu e a tua descendência, amando o Senhor, teu Deus, dando ouvidos à sua voz e apegando-te a ele; pois disto depende a tua vida e a tua longevidade; para que habites na terra que o Senhor, sob juramento, prometeu dar a teus pais, Abraão, Isaque e Jacó” (Dt 30:19-20).

Ao concluir a ministração, voltei para meu lugar, mas, o Espírito Santo começou a falar comigo, dizendo que tinha pessoas ali que estavam tão feridas em sua identidade, que mesmo depois de ouvirem como Deus as vê ainda se questionavam: “será que sou realmente o que o pregador diz que sou?”. O grupo de louvor já tinha começado a ministrar e eu estava reprimido pensando: “eu já entreguei o microfone, não posso retornar ao púlpito”. O Espírito Santo, porém, insistia comigo: “você precisa orar por eles, convidando-os a dar um passo de fé”. Percebendo que não podia resistir, tomei coragem e voltei ao púlpito. O grupo de louvor estava muito sensível a tudo que Deus estava fazendo ali e, imediatamente o Pb. Felipe me devolveu o microfone. O louvor continuou baixinho enquanto eu fazia o apelo: “O Senhor me pediu que voltasse por você (enfatizei). Ele me disse que tem pessoas aqui, que foram tão feridas em suas identidades, que ainda se questionam se realmente são o que Deus te diz que são. Eu voltei para orar por vocês. Saiam de seus lugares e venham à frente, pois Deus quer que oremos, Ele quer restaurar identidades aqui!”. Eu não pude deixar de notar o espanto do líder do louvor, quando imediatamente as pessoas se levantaram para vir à frente. Sei que Deus restaurou a vida de muitos naquela noite. – Talvez você esteja se perguntando por que estou descrevendo o momento do apelo. É justamente por sua causa! – Você que também precisa desta oração. Dê um passo de fé e ore comigo:

“Querido Deus! Somente o Senhor pode definir quem sou. Eu me arrependo por ter dado ouvido as vozes, seja dos outros ou a minha própria. Eu concordo com sua visão a meu respeito e aceito sua Graça (favor imerecido). Quero ser o que o Senhor diz que sou. Por isso limpe minha mente e meu coração de toda palavra mentirosa, continue falando a meu espírito, quero estar sensível a sua voz, pois só Tu podes dizer quem sou. Amém!”

Ev. Elias Codinhoto

* Ouça o resumo desta mensagem no final desta pagina, são apenas 10 min. Ou acesse: http://www.youtube.com/watch?v=T9d-ew9sVO4&feature=player_embedded

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Dá-me filhos senão morrerei (Congresso Jubrac Sul – Parte 3)



Vendo Raquel que não dava filhos a Jacó, teve ciúmes de sua irmã e disse a Jacó: Dá-me filhos, senão morrerei. (Gn 30:1)


Já passava das 15 horas. O grupo de louvor ministrava a canção de Chris Durán, “Dá-me Almas”, hino tema do congresso, quando cheguei ao templo:


Qual seria o preço dessa multidão


Tudo o que eu tenho por uma alma só


Ouve-se um grito desesperador


O mundo em chamas clama por um pregador


Morrerias tu por elas abrindo mão dos teus desejos


Para viver grande colheita



Dá-me almas, dá-me vida


Dá-me águias, para encher o céu



Qual seria o preço dessa multidão


Tudo o que eu tenho por uma alma só


Ouve-se um grito desesperador


O mundo em chamas clama por um pregador


Então como ouvirão se não há quem pregue almas


E o evangelho dos que anunciam a paz



Inspirados pelo texto tema: “E disse-lhes: Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens.” (Mt 4:19), a igreja foi adornada de redes de pesca, repletas de peixes de papel, que simbolizavam as almas que resultaram de uma grande “pesca” que cremos estar por vir. Logo foi me dada à oportunidade para pregar. O tema desta primeira palavra (abertura do congresso): “Dá-me filhos senão morrerei”.


Era esse o clamor de Raquel. Mas por que a esposa de um patriarca teve que clamar por filho? Na verdade, todas clamaram. Abrão e Sara clamaram por um filho que só lhes foi concedido na velhice. Mas não é o mesmo Abraão que recebeu a promessa: “Então, o levou fora e disse: Olha, agora, para os céus e conta as estrelas, se as podes contar. E disse-lhe: Assim será a tua semente.” (Gn 15:5). Isaque, o filho tão esperado de Abraão, a quem se referia à promessa de posteridade, também teve que orar instantemente por filhos, pois sua mulher era estéril (Gn 25:21). E agora Jacó, o neto de Abraão, se depara com sua mulher desesperada clamando: “dá-me filhos senão morrerei”, não eram todos patriarcas? Não tinham todos a mesma promessa de serem pais de multidões? Como poderiam ser estéreis?! Será que Deus estava de brincadeira com eles? – Será que Deus está tirando onda com você? Fez-te promessas, mas parece que tudo caminha contrário, tudo para você parece ser mais difícil...


Por não entendermos o que o melhor desta terra é concebido como resposta de oração, muitas vezes parece que o “universo” conspira contra nós, que tudo que conquistamos é sempre debaixo de muita luta. Veja bem! É natural que um casal se case e tenha filhos, filhos naturais, Deus, porém, quer nos dar filhos espirituais, dádivas preciosas, especiais, que só podem ser gerados através da oração, Davi reconhece ser gerado assim no Salmo 71:6 “Por ti tenho sido sustentado desde o ventre; tu és aquele que me tiraste do ventre de minha mãe; o meu louvor será para ti constantemente.” e outra vez no Salmo 139:14-15 “Graças te dou, visto que por modo assombrosamente maravilhoso me formaste; as tuas obras são admiráveis, e a minha alma o sabe muito bem; os meus ossos não te foram encobertos, quando no oculto fui formado e entretecido como nas profundezas da terra”. Filhos e dádivas espirituais são gerados pela oração e súplica, se não for assim, serão apenas consequência natural de algo, e não espirituais (especiais). Creia que Deus tem o melhor para te dar, mas sempre em resposta de oração. Quanto mais especial, mais clamor para gerar (Rm 4:16-17).


Gênesis 30:2 diz: “Então, Jacó se irou contra Raquel e disse: Acaso, estou eu em lugar de Deus que ao teu ventre impediu frutificar?”. Talvez alguém se irrite com sua promessa, eles vão dizer que é impossível, que para você não tem jeito, foi assim com Ana, mãe de Samuel: “Então, Elcana, seu marido, lhe disse: Ana, por que choras? E por que não comes? E por que está mal o teu coração? Não te sou eu melhor do que dez filhos?” (1Sm 1:8). Perceba! Vão propor-lhe trocas, alguém vai tentar persuadi-lo a desistir da promessa, como mostra Provérbios 20:14 “Nada vale, nada vale, diz o comprador, mas, indo-se, então, se gaba”. Mas Ana persistia: “E sucedeu que, perseverando ela em orar perante o SENHOR, Eli fez atenção à sua boca,porquanto Ana, no seu coração, falava, e só se moviam os seus lábios, porém não se ouvia a sua voz; pelo que Eli a teve por embriagada.” (1 Sm 1:12-13). Você pode ser mal interpretado, mas persevere. A palavra para “perseverando” no original é “rabah”, que significa: ser ou tornar-se grande, ser ou vir a ser muitos, ser ou tornar-se muito, ser ou vir a ser numeroso; multiplicar; aumentar sobremaneira ou excessivamente. Enquanto Ana clamava ela se fortalecia, se tornava grande, se tornava muitos, assim também é seu clamor diante de Deus. Finalmente Ana concebe seu filho, e veja que maravilhosa declaração: “ela concebeu e, passado o devido tempo, teve um filho, a que chamou Samuel, pois dizia: Do SENHOR o pedi.” (1 Sm 1:20). “Do Senhor o pedi”, ou seja, resposta de oração. Samuel foi sacerdote, profeta e juiz de Israel, acho que isso explica o grande clamor de Ana, pois não poderia ser de outra forma, Samuel tinha que ser concebido através da oração, assim como sua promessa. “Pedi, e dar-se-vos-á; buscai e achareis; batei, e abrir-se-vos-á. Pois todo o que pede recebe; o que busca encontra; e, a quem bate, abrir-se-lhe-á.” (Mt 7:7-8).


Receberemos então tudo que pedimos? – Veja o que diz em Tiago 4:3 “Pedis e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites”. A igreja entende que deve pedir segundo o coração de Deus, e se empenha em buscar sua vontade, “Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém!” (Rm 11:36), o que mais importa é que a vontade de Deus seja estabelecida em nossas vidas, Cristo demonstrou isso perfeitamente no monte das Oliveiras “dizendo: Pai, se queres, passa de mim este cálice; contudo, não se faça a minha vontade, e sim a tua.” (Lc 22:42). Ainda que a vontade de Deus seja nossa morte, ainda assim será perfeita. “Ainda que ele me mate, nele esperarei” (Jó 13:15a).


Deus ainda procura homens e mulheres fieis, como em Ezequiel 22:30, ainda ressoa a voz do Criador: “Busquei entre eles um homem que tapasse o muro e se colocasse na brecha perante mim, a favor desta terra, para que eu não a destruísse; mas a ninguém achei”. Você está pronto a responder? Está pronto a se colocar na brecha? Como fez Isaias: “Depois disso, ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem enviarei, e quem há de ir por nós? Então, disse eu: eis-me aqui, envia-me a mim.” (Is 6:8).


Pede-me, e eu te darei as nações por herança e os confins da terra por tua possessão. (Salmos 2:8)


Ev. Elias Codinhoto

domingo, 12 de dezembro de 2010

Parada para Reabastecimento (Congresso Jubrac Sul – Parte 2)

O pouso foi cancelado pelo mal tempo, um espesso nevoeiro encobria a cidade de Porto Alegre. Mudança de planos, tivemos que seguir para o aeroporto de Florianópolis (SC), onde a aeronave seria reabastecida e retornaríamos em segurança. Enquanto aguardava, me recordei de uma mensagem que Deus me revelou em 2003:

“No caminho beberá de um ribeiro, e então erguerá a cabeça.” (Salmo 110:7)

Havia um grande alvoroço entre o exército dos filisteus. O chão tremeu e houve um pânico terrível (1Sm 14:15). Jônatas, filho de Saul, e seu jovem escudeiro tinham derrotado sozinhos, um destacamento com cerca de vinte homens (1Sm 14:1-14). Um grande temor veio sobre o exército inimigo e eles se dispersavam desesperados correndo em todas as direções (1Sm 14:16). O rei Saul ao ver a confusão deu a ordem de ataque e todo exército de Israel partiu para a luta. Muitos dos filisteus caíram naquele dia, pois os israelitas os perseguiam de perto. Espadas, escudos, armaduras, homens correndo ao ritmo da batalha. O sol escaldante aquecia a paisagem e os soldados exaustos diminuíam o ritmo, com o estômago roncando de fome, pouco a pouco os homens iam parando. Saul havia imposto um juramento: “Maldito o homem que comer pão antes de anoitecer, para que me vingue de meus inimigos”. Pelo que todo o povo se absteve de provar pão (1Sm 14:24 RA). “Então, disse Jônatas: Meu pai turbou a terra; ora, vede como brilham os meus olhos por ter eu provado um pouco deste mel. Quanto mais se o povo, hoje, tivesse comido livremente do que encontrou do despojo de seus inimigos; porém desta vez não foi tão grande a derrota dos filisteus” (1Sm 14:30 RA).

Assim como Saul, muitas vezes agimos imprudentemente nos momentos de lutas. Paramos de comer e deixamos de dormir, não cuidamos de nossa saúde física e espiritual, muitos deixam de frequentar os cultos, deixam de orar e se afastam dos amigos. Jesus disse: “Nem de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus” (Mt 4:4). Ou seja, precisamos do alimento físico e do espiritual. Nos momentos de lutas devemos nos cuidar, por mais que pareça difícil. Precisamos de alimentação, descanso, lazer, oração e tempo com a palavra. assim teremos força para derrotar o inimigo.

Quem já viajou de avião sabe dos avisos que são passados antes da decolagem, as aeromoças demonstram todo procedimento de emergência, entre eles há um muito importante com relação as mascaras de oxigênio, primeiro se deve colocar a sua própria e só então ajudar quem estiver precisando, se não a pessoa perde os sentidos e não pode fazer nada por si própria e pelos outros. Assim também, devemos estar bem, cuidar de nós mesmos para nos momentos difíceis termos força e ajudar a quem precisa de nosso auxilio.

Jônatas, o herói nesta história (1Sm 14), encontrou mel num bosque, ele não sabia do juramento de seu pai e comeu do mel, a bíblia nos diz que seus olhos brilharam, suas forças se renovaram (1Sm 14:25-27), estava pronto para retornar a batalha e vencer o inimigo. Em João 4:31-34 Jesus nos fala de uma comida especial, fazer a vontade do Pai Celeste. Assim como o pão traz vigor ao corpo, assim também Jesus, o “pão de céu” (Jô 6:31-35), traz vigor ao espírito. Não podemos nos abster deste alimento. Também em João 4, Jesus nos fala a respeito da “água viva”, esta água jorra para a vida eterna (Jo 6:14) e, é a esta água que faz menção o texto que lemos a principio (Sm 110:7). Precisamos parar neste ribeiro e beber desta água, só então teremos forças para erguer a cabeça e prosseguir.

Cuide de sua saúde, faça uma alimentação saudável, tire férias, tire um tempo para o lazer, comunhão, praticar esporte, ore, leia a bíblia e aproveite os cultos (Hb 10:25). Faça uma “Parada para Reabastecimento”.

Finalmente pousamos em Porto Alegre (RS), imagine o poder das palavras ‘porto’ e ‘alegre’ para quem teve contratempos na viagem. A fala quase cantada dos gaúchos é capaz de encantar os ouvidos de quem não está acostumado. Com um ar europeu e gente bonita, podemos encontrar ótimos lugares para descansar, mas não era meu caso, precisava chegar rápido da rodoviária e seguir viagem para Pelotas, cerca de 300 Km de distância. Congresso de Jovens da Jubrac Sul, lembra? – É onde nos encontraremos na próxima postagem...

Ev. Elias Codinhoto

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

DEIXE-ME FAZER?! (Congresso Jubrac Sul – Parte 1)

Disse-lhes Simão Pedro: Vou pescar. Disseram-lhe os outros: Também nós vamos contigo. Saíram, e entraram no barco, e, naquela noite, nada apanharam. (João 21:3)

O avião se movimenta vagarosamente na pista enquanto ouvimos o piloto anunciar: “atenção tripulação, iniciar procedimentos de decolagem”. Gotas de orvalho percorrem minha janela no momento em que as turbinas nos impulsionam na pista. A névoa da manhã passa rapidamente sobre as asas desenhando o trajeto do vento. Em pouco tempo, as toneladas de aço se desprendem do chão como se fosse algodão ao vento. A sombra da própria aeronave percorre a asa direita ao se inclinar para ajuste de curso. Os raios avermelhados do alvorecer são refletidos sobre a cidade de São Paulo (SP), os prédios se destacam como as pontas aguçadas de um coral. Rio Grande do Sul, ai vamos nós!

Houve um tempo em que desisti de pregar, foi após assistir a um sermão meu em VHS. Era como uma comida insossa, sem vida, sem “graça”. Fiquei tão decepcionado com o que vi, que não só decidi parar de pregar, eu abandonei o ministério. Eu pensava: “acho que me enganei, Deus nunca deve ter me chamado para pregar”. Assim como Pedro, eu voltei ao meu antigo trabalho, operador de pregão na BM&F. Deus, porém, começou a falar comigo todos os dias. Primeiro Ele perguntou: “você desistiu?”. Eu respondi: “Sim! Desisti, não tenho vocação para isso”. Então o Senhor sugeriu: “posso fazer agora? Agora que desistiu, Eu posso levá-lo a pregar?”. Achei que era coisa da minha cabeça, estava mesmo decidido a parar, só queria me dedicar profissionalmente. Comecei a faculdade de administração visando uma posição de gerência, porém, o Senhor falava comigo todos os dias dizendo: “você vai pregar, vai escrever e se tornar pastor”. No começo não dava atenção, mas Deus se tornou insistente, usava até mesmo pessoas descrentes para falar comigo, um processo que durou cerca de dois anos, então eu cedi (até que enfim!). Compartilhei o que Deus vinha me falando com alguém muito próximo, que me questionou: “você tem certeza, já te vi pregando, até que para um estudo bíblico se sairia bem, mas pregar? Sei não!” – eu concordei, sabia que realmente não tinha jeito para a “coisa”, mas eu realmente tinha convicção que era Deus falando comigo, e Ele persistia, mesmo quando eu já tinha entendido. Então perguntei: “por que o Senhor está me falando tanto à mesma coisa?” – o Espírito Santo me respondeu imediatamente em meu coração, com uma voz suave Ele me disse: “é porque você vai atravessar uma luta muito grande, e se isso não estiver bem enraizado em seu coração, você não vai suportar” (esse detalhe fica para uma outra postagem). Logo depois compreendi que perderia o emprego (o que não demorou muito), comecei a me envolver com o projeto de grupos pequenos em minha igreja, e, em uma tarde o pastor me convidou a pregar. Eu pensei: “é agora, vou ter a prova se realmente Deus mudou alguma coisa”. Não fiz nada diferente do que fazia antes, preparei o esboço e lá fui eu, tão crente quanto Tomé.

Deixa-me fazer? – me sussurrou o Espírito Santo. E eu o convidei a estar comigo, a assumir a direção. Foi uma experiência maravilhosa! As pessoas vinham me dizer após o culto que enquanto eu pregava, elas não viam a hora de acabar, mas desta vez, não por estarem enfadadas, e sim por estarem ansiosas a por em prática o que estavam ouvindo, me disseram que não aguentavam esperar, pois a revelação as conduziam a tomar atitudes, se sentiram constrangidas a uma mudança de vida.

E você? - Já desistiu? Já fracassou? Já percebeu que não consegue sozinho? – Deus também te diz: “Deixa-me fazer?!”. Permita que o Espírito Santo venha fluir através de sua vida, não use suas forças, nem sua sabedoria, nem mesmo seus recursos, deixa apenas Deus ser Deus em sua vida! Entregue a Ele a direção, deixe-o assumir o comando, ser o piloto. Ah! Falando em piloto...

A viagem que descrevi acima foi com destino a Pelotas (RS), Congresso de Jovens da JUBRAC[1] Sul, fui convidado como preletor. Das cinco mensagens programadas, eu ministrei quatro (cerca de uma hora cada). Também fui chamado a pregar no culto de domingo à noite, e falando em “chamado”, qual é o seu? – você sabe que tem ao menos um dom, não sabe?! - Talvez mais que um, mas com certeza, pelo menos um dom lhe foi dado após sua conversão, e precisamos dele, a igreja precisa, pois os dons são dados “com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo,” (Efésios 4:12)

O tema do congresso da Jubrac Sul foi: “Dá-me almas”, com o texto base de Mateus 4:19 – “E disse-lhes: Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens.”

Esse foi o chamado de Simão, o pescador que se tornou Pedro, o apostolo do Senhor. Por um momento ele voltou à antiga profissão, mas o Senhor Jesus foi ao seu encontro, assim como foi ao meu, e agora é sua vez. Sim! É com você mesmo que Cristo está falando! Seu lugar ficou vazio. Talvez, como Pedro e os discípulos naquela noite, “o mar não esteja para peixe”, sua pescaria pode estar frustrada, “Mas, ao clarear da madrugada, estava Jesus na praia; todavia, os discípulos não reconheceram que era ele.” (v. 4). Pode ser que você esteja tão vazio que não tenha nada para dar, nada que alimente; os discípulos também estavam assim (v. 5), mas veja o verso seguinte: “Então, lhes disse: Lançai a rede à direita do barco e achareis. Assim fizeram e já não podiam puxar a rede, tão grande era a quantidade de peixes.” (v. 6). Ouça a voz do Mestre, volte depressa, pródigo! (Lucas 15). Jesus te espera na praia! Ele tem uma comida especial para te dar (v. 12), que o alimentará realmente. “Disse-lhes Jesus: A minha comida consiste em fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra.” (João 4:34). Como declarou o profeta Jeremias, não podemos retroceder, por mais dura que seja a prova, pois quando pensamos em parar, o fogo do Espírito queima em nossos corações (Jeremias 20:9), o nos convida dizendo: “Deixe-me fazer?!”.

“Não te faças negligente para com o dom que há em ti, o qual te foi concedido mediante profecia, com a imposição das mãos do presbitério.” (1 Timóteo 4:14)

Ev. Elias Codinhoto



[1] Juventude Unida do Brasil para Cristo